Resumo: Cada vez mais ganhamos a consciência da natureza interdisciplinar e de múltiplas visões do mundo à nossa volta, da vida, dos espaços e dos territórios. Neste âmbito a comunicação se revela importante porque intermedia a multiplicidade dessas formas de saber e formas de interpretação. Esta apresentação procura numa base de pensamento de Paulo Freire sobre a comunicação, explorar as possibilidades de diálogo neste contexto de diversidade do conhecimento, contexto em que temos que nos comunicar com outras disciplinas e com outras visões do mundo. Neste sentido, reflito sobre a questão com quem nos comunicamos como um processo hermenêutico e também como um processo englobando a ética do cuidado (‘ethic of care’), porque a dialogicidade da comunicação não será efetiva se houver ausência de um sentido de anuência e contemplação das diferenças epistemológicas e axiológicas. Considerarei a questão sobre a natureza de algumas disciplinas e explorando a porosidade dessas disciplinas procuro formas para uma comunicação mutuamente emancipadora ao mesmo tempo que restauradora.
Resumo: O momento nos pede mobilização e dignidade. As campanhas de desinformação se mostram cuidadosamente arquitetadas. Elas têm mirado sobretudo a educação básica e as práticas de ensino conscientizadoras. Trata-se, talvez, de uma articulação de grupos contrários à união de pessoas e instituições dedicadas ao avanço da ciência; à formação humana; à valorização das diversidades cultural, etnica, de gênero, geográfica e econômica do nosso país; se não de toda humanidade. Não se pode reagir de maneira desarticulada a tais investidas. Uma obra de ficção já antecipou o desfecho de tentativas de apresentar evidências a uma nação com educação científica precária. Na última cena de "Não Olhe para Cima", os físicos se resignam diante da destruição da Terra e de si mesmos, com ela. Catástrofe social e política análoga pode ocorrer no Brasil se não nos mobilizarmos. A palestra vai sugerir respostas de pessoas da área de Pesquisa em Ensino de Física à concentração de poder por grupos hegemônicos e às suas campanhas de desinformação. Parto de minha vivência de 40 anos como professor de ensino médio. Aprendi que os indícios de tendências sociais e culturais aparecem rápido nas salas de aula. Como pesquisador e formador de pesquisadores há décadas, sei que a identificação e a interpretação desses indícios são muito difíceis. Contudo, temos conhecimentos de pesquisa em educação e em ensino de física capazes de oferecer detectores adequados para quem ensina. Cabe a nós fazer esse conhecimento circular, se aprimorar e se contrapor às artimanhas para desinformar e confundir. Cabe a nós fazer vigilia e atuar em todas instâncias que formulem diretrizes e protocolos, seja para o currículo, seja para formação de professores, criação de cursos e cargos, definição de prioridades e de valores. Cabe a nós dopar com Pesquisa em Educação em Ciência as políticas educacionais e científicas de cada esfera de poder – da sala de aula à Casa Civil da presidência da República; passando por órgãos colegiados e comitês assessores, tanto de instituições educacionais e científicas, quanto de organizações não governamentais e governamentais. O desafio é instigante. Somos muitas pessoas e ocupamos espaços diversos de ação política. É preciso sair do EPEF com entusiasmo e disposição para unir esforços. Esta palestra tem a intenção de facilitar isso.