EIXOS TEMÁTICOS



ST01. O processo de projeto

Ementa: Esta sessão promove o debate sobre o projeto como um processo. Pretende-se discutir criticamente os modos já consolidados de pensá-lo e fazê-lo, e também abrir espaço para práticas alternativas que o desestabilizam e renovam. A crise da sociedade contemporânea e os rápidos avanços das tecnologias de informação e comunicação fazem crescer as incertezas sobre o real, demandando, consequentemente, ações transformadoras que pautem o estético, o ético e o político. Por isso, interessa a esta sessão pensar o projeto como momento de articulação de saberes técnicos, científicos, mas também populares; pensá-lo a partir das demandas e dos compromissos com o mercado, mas também das demandas e dos compromissos com outros grupos sociais. Essa sessão considera também o projeto a partir de suas relações com outros campos disciplinares (seus métodos e estratégias), como o Design, a Arte etc. Entendemos que o domínio do processo de projeto não se limita ao saber “fazê-lo”, mas também envolve o saber “aprender” com ele, bem como saber “ser” e “conviver” com o outro para poder exercitá-lo.

Temas: O projeto como investigação e experimentação; Práticas consolidadas e alternativas de projeto; Limites e potencialidades das ferramentas digitais no processo de projeto; Relações entre as estratégias e os métodos do Design, da Arte, da Arquitetura e do Urbanismo; O ensino como momento de exploração de estratégias e métodos de projeto; Complexidade e interdisciplinaridade no projeto de Design, Arquitetura e Urbanismo ; A ação política a partir do projeto; As relações entre o desenho, o canteiro de obras e a gestão; Autonomia e heteronomia no processo de projeto; O projeto como momento de síntese de saberes técnico, científico, popular; Práticas e processos participativos e colaborativos; Projeto autoral versus projeto anônimo ou coletivo.


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ST02. Espaço urbano e regional: análise, planejamento e projeto

Ementa:Esta sessão contempla as questões referentes à produção da cidade, à formação do espaço urbano, seu planejamento e projeto. Apoia-se na compreensão da natureza dos fenômenos urbanos, seus processos e atores sociais para refletir sobre as múltiplas dimensões que envolvem as intervenções sobre a cidade, sejam elas planejadas ou não. Atenta para as relações cotidianas mediadas pelos espaços públicos e privados, sejam de complementaridade, sejam de conflito, e para as relações de inclusão e exclusão de sujeitos e lugares da cidade. Considera a realidade latino-americana e suas condições urbanísticas próprias - pobreza, segregação, urbanização descontrolada, esgotamento ambiental, captura da política urbana e privatização do território - como base para as discussões. Considera, também, o agravamento das desigualdades e problemáticas urbanas a partir da crise sanitária contemporânea.

Temas: O papel do Estado e o uso de instrumentos e estratégias de planejamento pensando a cidade do futuro; produção da cidade e financeirização urbana; gentrificação e desigualdade na cidade; o papel da metrópole; as cidades pequenas e médias e a rede urbana; relações entre o urbano, o rural e a natureza; mobilidade e trabalho; o papel do transporte público na equidade urbana; acessibilidade urbana, multisensorialidade e a experiência do usuário (UX) na cidade; análise espacial, Sistemas de Informação Geográfica (SIG) e modelagem urbana; estudos analíticos de gênero e raça na cidade; migrações e repercussões no contexto urbano e regional; saúde pública e planejamento; produção de alimentos e cidade.



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ST03. Políticas Públicas, Habitação e Cidade

Ementa:Esta sessão trata das variadas matrizes discursivas, análises e práticas referentes às políticas públicas (como saber reflexivo, agenda intelectual e materialidade) e as formas como estas são produzidas e apropriadas para além delas mesmas. Interessa a reflexão e o debate no amplo espectro que admite as leituras clássicas desde a ciência política aos autores contemporâneos. Busca-se avançar nas interpretações circunstanciadas e avaliações que relacionem campos disciplinares no reconhecimento: de determinações (somos herdeiros de um passado, suas inflexões e permanências); de tensões/conflitos da ação social (somos atores/sujeitos das políticas públicas e das leis); de relações na materialidade e na cultura (o espaço físico não é um receptáculo inerte à determinação, ao desejo, ao plano, à resistência); da configuração do campo ambiental-legal (debates, arenas, conflitos, desafios, agendas); da relação com os povos originários (experiências, possibilidades); das perspectivas urbanas e habitacionais (abrigo, emancipação, interações sociais, promoção da saúde); das condições habitacionais e de suas políticas públicas a partir da crise sanitária contemporânea.

Temas: A habitação de interesse social - HIS e as demais políticas públicas; análise ex-ante e ex-post de políticas públicas; dimensões ambientais e territoriais nas políticas públicas e sua relação com a HIS; matrizes discursivas e a desconstrução, flexibilização, desregulação legislativa e das políticas públicas; habitação enquanto objeto central de políticas públicas urbanas; a habitação como mercadoria; agentes de promoção e produção da habitação e a periferização; regularização fundiária, autoconstrução, cooperativas habitacionais, mecanismos de financiamento; ATHIS; a relação saúde-habitação e padrões urbanísticos/habitacionais; políticas de saneamento ambiental e produção da cidade justa; gestão de risco e prevenção de desastres; planos setoriais.


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ST04. Ambiente construído, tecnologia e sustentabilidade

Ementa:Esta sessão temática propõe abordar questões relacionadas à produção do ambiente construído e os impactos mútuos entre meio ambiente e sociedade. As mudanças climáticas e as catástrofes decorrentes da utilização predatória dos recursos naturais e dos padrões convencionais de urbanização e construção enfatizam o papel central dos campos da arquitetura, urbanismo e design para o enfrentamento de importantes desafios globais contemporâneos. Assim, busca-se nessa seção discutir tecnologias e processos de projeto, de planejamento, de gestão e de construção em suas diversas escalas. Consideram-se também de particular interesse reflexões e soluções para enfrentamento de crises e situações de emergência, tais como pandemias e movimentos migratórios decorrentes de colapsos econômicos, tragédias naturais ou guerras. A busca por um ambiente construído equilibrado passa por práticas de arquitetura, urbanismo e design que considerem a saúde e bem estar de seres humanos, mas que também protejam o patrimônio natural e os ecossistemas que são habitats das diversas espécies que coabitam o planeta Terra.

Temas: Mudanças climáticas; urbanização e microclima; saúde e bem-estar no ambiente construído; cidades e gestão de recursos e resíduos; poluição e impactos ambientais; (auto) construções e habitações transitórias; áreas verdes e soluções baseadas na natureza; gentrificação verde; agricultura urbana; Arquitetura e Design centrados no usuário; processos inovadores de construção; tecnologias para gestão e produção do ambiente construído; análise do ciclo de vida; mobilidade sustentável; saúde urbana; metabolismo urbano; eficiência energética; cidades inclusivas, seguras, saudáveis, resilientes e sustentáveis



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ST05. Lutas urbanas e práticas insurgentes

Ementa:Esta sessão trata do reconhecimento das experiências urbanas de resistência e invenção como parte constitutiva da cidade, e como conhecimento fundamental para a reflexão e prática na arquitetura, urbanismo e planejamento urbano. A hipermercantilização da vida urbana, o aprofundamento do neoliberalismo e a financeirização das cidades são fenômenos contemporâneos que impõem desafios cada vez mais contundentes na busca por futuros possíveis ao cenário de favelização do mundo, aumento das desigualdades, da segregação e pauperização das condições de vida da população. Como parte constitutiva do sul global, a América Latina vem sendo palco de inúmeros conflitos sócio-espaciais que explicitam a ação limitada de um Estado manipulado pelo mercado fundiário-imobiliário. Nesse contexto, há um repertório marginal de experiências e práticas de movimentos, entidades e coletivos que pode ampliar a reflexão e a ação no campo da arquitetura, urbanismo e planejamento urbano, uma vez que a vitalidade das sociedades latino-americanas surge exatamente desses conflitos e pluralidade de frentes de mobilização. Interessa explorar as diferentes formas que as lutas urbanas assumem na produção do espaço e do cotidiano. É de interesse, também, o planejamento e as práticas insurgentes.

Temas: ocupações em áreas centrais e pericentrais; práxis derivadas da resistência à remoção; processos de gentrificação; articulações na constituição de espaços de moradia e convívio de povos originários, quilombolas, mulheres, comunidade LGBTQIA+, pessoas em situação de rua, imigrantes; outros modos de fazer arquitetura; diferentes modos de morar e habitar a cidade; direitos e acesso à cidade; planejamento insurgente, práticas contra-hegemônicas na arquitetura e no urbanismo; população em situação de vulnerabilidade extrema; táticas e estratégias de comunicação e mobilização social.


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ST06. Patrimônio e Memória

Ementa: Propõe-se nesta sessão revisar e analisar a relação entre a Arquitetura, o Urbanismo, o Design e os campos do Patrimônio Cultural e da Memória. São reconhecidas as implicações das proposições recentes em torno da ampliação do conceito de patrimônio e de seu papel como suporte da memória coletiva e das identidades culturais. Partimos, de um lado, do alargamento do conceito de patrimônio cultural em termos temáticos, cronológicos, geográficos e culturais proposto pelas Cartas Patrimoniais e dos desafios implícitos pela contemporaneidade e, por outro, da indissolubilidade das dimensões material e imaterial e da necessidade da reflexão e ação interdisciplinar/transdisciplinar que esta perspectiva exige. Indaga-se sobre a relação entre patrimônio e sustentabilidade como fundamento de um desenvolvimento responsável, conforme a AGENDA 2030 da ONU. Reconhece-se que narrativas, memórias e saberes tradicionais de grupos emergentes e não hegemônicos, podem ampliar a definição, ressignificação e patrimonialização de bens culturais não consagrados. Questiona-se também as implicações que esta abertura conceitual tem na educação do arquiteto e urbanista, em uma perspectiva inter e transdisciplinar, na conformação das paisagens culturais, na história da cidade, nas práticas de salvaguarda e intervenção em preexistências ambientais. Discute-se, ainda, a perspectiva crítica às noções de autoria e singularidade amplamente publicizadas que hipervalorizam a imagem e a monumentalidade em detrimento da fruição espacial, da apropriação social, do caráter processual e coletivo e da dimensão histórica do espaço antrópico.

Temas: Patrimônio Arquitetônico; Patrimônio Urbano; Paisagem Cultural; Espaço Antrópico; Memória Coletiva; Identidade Cultural; Patrimônios Emergentes; História e Historiografia do Patrimônio; Educação Patrimonial; O patrimônio e o DO-11 “cidades e comunidades sustentáveis”; Salvaguarda do Patrimônio Cultural; acessibilidade, multisensorialidade e a experiência do usuário (UX) no Patrimônio Cultural e Memória; Conflitos entre produção da cidade e Patrimônio Cultural; Patrimônio e Cidadania Insurgente.


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ST07. História e Historiografia

Ementa: A sessão propõe a debruçar-se sobre o tema da construção da história e da historiografia da arquitetura e das cidades latino-americanas a partir da lente da educação. Pretende-se discutir o papel da história da arquitetura e das cidades não apenas na formação do arquiteto e urbanista, mas suas contribuições para a ampliação do entendimento das problemáticas latino-americanas e suas relações globais. Pretende-se abordar, ainda, aspectos a respeito do processo de construção da historiografia latino-america sobre a arquitetura e as cidades, o olhar externo, que caracterizou por muito tempo a produção do conhecimento, suas implicações e desdobramentos, assim como, e com ênfase, a construção de uma historiografia genuinamente latino-americana, inclusiva e diversa. O tema da construção do conhecimento histórico na área também é foco de interesse, e os aspectos dessa construção, principalmente nos últimos 50 anos, pretende-se que sejam debatidos a partir de experiências de ensino, pesquisa e extensão.

Temas: História da arquitetura e do urbanismo; História das cidades; História do ensino de arquitetura e urbanismo; Experiências de ensino, pesquisa e extensão na construção do conhecimento histórico; Historiografia da arquitetura e das cidades; Diversidade e inclusão na história e na historiografia.